Com a chegada do inverno, diversos tipos de vírus entram em ação — entre eles o rinovírus, um dos mais de 500 tipos de vírus e que é responsável por boa parte dos resfriados. Além da sazonalidade, por conta do frio, a tendência é ficarmos em ambientes mais fechados, o que facilita a transmissão. E quem tem um bebê em casa sabe o temor que dá só de pensar em ver o filho doente.
A boa notícia é que levar em consideração aquelas dicas que o pediatra dá ainda na maternidade — como o cuidado com as visitas doentes —, ajudam e muito a mantê-lo protegido. A má notícia é que isso não é garantia de que ele não ficará doente.
Mas o que fazer diante do primeiro resfriado do bebê? Quem responde às principais dúvidas dos pais é o pediatra David Elias Nisenbaum, do Hospital Infantil Sabará (SP).
Normalmente, em recém-nascidos de até um mês, é comum o nariz fazer um barulhinho porque ainda é naturalmente um pouco obstruído. Isso não é algo para se preocupar. Agora, se tiver tosse ou febre acima de 37,8 graus e dificuldade para respirar é recomendado levar ao médico.
A partir de qual idade o bebê corre o risco de ficar resfriado?
Não existe uma regra. Até os dois meses, ele quase não tem imunidade, só a passada do leite da mãe. Até os seis meses, aumenta um pouco. Depois, com 1 ano, as defesas do organismo tornam-se um pouco mais eficientes. Mas é após os 3 anos que há um aumento considerável, sendo que aos seis anos já é bem parecida com a de um adulto. Por esse motivo, é preciso seguir à risca as orientações médicas de não receber visitas de pessoas doentes, pedir para que não beijem o bebê e evitar sair para lugares lotados. Tudo isso favorece o contato com o vírus e não dá para prever quando ele vai causar apenas um leve resfriado ou até evoluir para um quadro mais grave, como o de bronquiolite, por exemplo.
Quanto mais novo o bebê, mais grave podem ser os efeitos de um resfriado?
Sim. Porém, cada bebê pode responder de uma forma ao contato com o vírus. É muito comum ouvirmos reclamações de mães e pais que levaram o bebê ao pronto-socorro e o médico diz que era só um resfriado, mas o bebê acaba internado com bronquiolite. Na verdade, o que acontece é que naquele momento da consulta realmente poderia ser apenas um resfriado sem complicações, mas conforme os dias foram passando, houve uma evolução. Essa evolução não tem como ser prevista ou barrada pelo médico. Se tiver que evoluir para algo mais grave isso vai acontecer, infelizmente. E, só então, podemos entrar com uma intervenção medicamentosa mais forte, que é justamente quando a criança apresenta os sintomas citados na primeira questão.
Como deve ser o tratamento em casa para esses resfriados mais brandos?
O tratamento inclui caprichar na hidratação da criança (se ela for menor de seis meses, isso é feito através do leite materno. Se for maior, vale dar mais água ao longo do dia); fazer inalação apenas com soro ao longo do dia; lavar o nariz com soro fisiológico; e usar o aspirador nasal, para ajudar na desobstrução. Já os descongestionantes não são indicados, porque apresentam mais efeitos colaterais do que benefícios.
O que vai acontecer é que o bebê terá mais dificuldade para sugar o leite, já que o nariz estará obstruído. Por isso, ele não conseguirá mamar a mesma quantidade de leite que estava acostumado em cada mamada. A recomendação é aumentar a oferta para que ele consiga chegar à quantidade de costume. Mas não que seja preciso dar uma quantidade extra de leite.
Fonte: Revista Crescer