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Desfralde: tudo que você precisa saber sobre essa fase

Seu filho está crescendo e descobrindo o próprio corpo. Percebendo mãos, pés e também as necessidades. No momento do desfralde, a criança passa a perceber que aquilo que está na fralda é ela quem faz. É uma fase importante que o bebê começa a definir que tem um espaço dentro que é dele e ele controla. E essa é uma mudança grande na capacidade de autopercepção, diferente de tudo o que a criança já passou antes.

O período natural de acontecer o desfralde do bebê é entre 18 meses a 4 anos, segundo a fase de desenvolvimento anal especificada por Freud. Nesse momento, o sistema nervoso da criança vai se desenvolvendo da parte central até a região do tronco, o assoalho pélvico. Parece complicado, mas significa que os sinais nervosos chegam com mais rapidez ao esfíncter. “Esse processo faz com que o bebê ande com coordenação e tenha controle sobre a bexiga, porque a sensação de estar apertado ele já tem”, explica Fabiana Catanzaro, mestre em Psicologia Escolar e Psicopedagoga, filha de Marlene. 

Algumas atitudes podem colaborar nesse momento, dentre elas deixar a porta do banheiro entreaberta para que as crianças possam ver seus pais indo ao banheiro. Outra ideia é apresentar o penico: deixe que ela explore o objeto, respeite seu tempo. O uso do penico é recomendado por muitos pediatras pela facilidade de uso, o bebê consegue sentar e sair sem problemas e levá-lo a vários lugares. “Os pais devem ter paciência, tolerância, não exagerar em ambos os lados. Por exemplo, parabenizar a criança quando usou o penico na primeira ou segunda vez tudo bem, mas depois, aos poucos, vai tornando aquilo natural. E nem o contrário, exagerar no que é ruim, reclamar muito do cheiro, falar ‘meleca, olha só o que você fez, quanto cocô, que nojo’. Claro que a criança tem que aprender que as fezes é algo que ela descarta, não é porque foi produzida por ela que tem que ficar. Aos poucos a criança percebe que controla as fezes, mas que também é uma coisa diferente dela. Portanto é válido se despedir do cocô e xixi e estimular o desejo dela de crescer igual o pai, a mãe, os irmãos”, completa a psicóloga. 

Ao tirar a fralda, é comum haver escapes e a criança sujar a roupa. “Esses escapes são normais, temos que ter atitude positiva, sem cobrar demais para que ela não tenha traumas e encare esse processo como natural”, diz Teresa. O que acontece no momento do desfralde é que o bebê está começando a ter controle, mas ainda não tem total. “Falar para a criança que tem que fazer cocô em tal hora, ou perguntar demais se fez cocô hoje quando estava na escola, ou ficar focando demais nesse assunto é ir contra a natureza. É claro que é importante saber, mas esse tema virar o da vida da criança não é legal”, comenta Catanzaro.

Tudo ao seu tempo

Alguns bebês desfraldam mais rápido e outros têm o desenvolvimento mais lento; essa variação de tempo é normal. Para saber o melhor momento de começar o desfralde, você deve ficar atenta aos sinais da criança. “Para abandonar a fralda, o bebê precisa se sentir seguro e tranquilo para perceber as necessidades fisiológicas, dar atenção a elas e calcular o tempo que necessita para chegar ao banheiro. Geralmente a partir de dois anos e meio, em média, é quando a criança já comanda os esfíncteres, que são as estruturas que controlam a abertura e o fechamento da uretra e do ânus. Ela aponta a região das fraldas e fala xixi ou cocô, e tem capacidade de ficar sentada de 5 a 10 minutos. E a escola e professores devem incentivar o início da retirada da fralda ao perceberem que o pequeno demonstra estar preparado para ser desfraldado, conversando com os pais a respeito”, comenta Teresa Uras, pediatra do Hospital Samaritano de São Paulo, mãe de André e Amanda.

processo do desfralde é o momento em que seu filho perceberá que não é mais um bebê. Isso pode ser muito angustiante para ela dependendo de como esse momento é entendido. É importante que todos sintam o desfralde como algo bom e mostrem para a criança que é um crescimento, um ganho. Mesmo depois de a criança ser desfraldada pode acontecer de haver escapes. “É comum acontecer incidentes até cinco ou seis anos. É preciso encará-los com naturalidade”, comenta a pediatra.

Para ela, o ideal é começar o desfralde diurno e depois fazer o noturno. Isso porque o organismo da criança pode ter dificuldade de segurar o xixi durante as fases do sono profundo. “Depois que a criança estiver ficando sem fraldas o dia inteiro, os pais podem começar a pensar em tirar a fralda noturna”, explica.

Em algumas situações pode ser necessário retroceder o processo de desfralde. “É um período de aprendizado que deve ser tranquilo. E quando a criança está muito assustada ou acontecem casos de doenças agudas, devemos interromper o processo”, afirma Uras. E continua: “se a criança não está reagindo de uma maneira produtiva para aquela relação, que começa a fazer cocô em todos os lugares ou a segurar muito as fezes, alguma coisa não está bem. Ela está dizendo que o processo precisa de tempo ou de maturidade. E dar um passo atrás não é um erro. Errado está em percebermos que não era o momento e não retrocedermos. E o que pode desencadear na criança é que ela vai se sentir respeitada e que tudo bem ela ter o tempo dela. E isso é um ganho”, conclui a psicóloga.

Fonte: Revista Crescer

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